quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O "MITO" DO TDAH: COMO ENTENDER O QUE VOCÊ OUVE POR AÍ 


 Escrito por Paulo Mattos Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
 Mestre e Doutor em Psiquiatria e Saúde Mental,
 Pós-doutor em Bioquímica,
 Presidente do Conselho Científico da ABDA .
    
                           As dúvidas movem a ciência e permitem o progresso, porque impulsionam os cientistas a tentar esclarecê-las. Dúvidas, portanto, representam algo inestimável e imprescindível para todas as áreas da ciência; para a medicina não é diferente. Existe atualmente um grande número de questões não esclarecidas sobre diferentes aspectos de muitas doenças; são estas dúvidas que estão ocupando os cientistas do mundo inteiro neste exato momento e vão ocupa-los por toda sua vida profissional.

 E o que fazem os cientistas? Eles fazem pesquisas com critérios rigorosos para testar suas hipóteses. Para isto, devem submeter seu projeto a um comitê de ética e ter cada etapa de seu trabalho avaliada e aprovada antes mesmo de começar. Quando a pesquisa termina, os cientistas publicam os resultados em revistas especializadas, para que os conhecimentos não apenas sejam conhecidos por todos os demais cientistas, como também para que outros possam verificar os resultados e tentar reproduzi-los para confirmá-los ou rejeitá-los. A isto chama-se de método científico e é a única maneira de se controlar os conhecimentos gerados por pesquisas.

 Um cientista mal intencionado publicou resultados fraudulentos? A única forma será verificar os resultados de sua pesquisa (eles são obrigatoriamente armazenados durante muitos anos). Outro tirou conclusões erradas a partir dos resultados de sua pesquisa? Basta verificar a metodologia, conferir os resultados e ver se há outras conclusões possíveis. Alguém recebeu verba de um patrocinador que potencialmente influenciou a análise dos resultados? Informações sobre verbas são obrigatórias e caso haja uma infração, nenhuma revista científica publicará mais artigos deste pesquisador. Existiu alguma fraude com os dados? É possível saber verificando os materiais originais da pesquisa e os relatórios publicados; várias revistas publicam imediatamente editoriais quando descobrem algum tipo de erro ou fraude. Portanto, somente o método científico nos dá a segurança de que uma determinada informação é segura, porque deste modo ela pode ser analisada, verificada, confirmada ou abandonada. Para isso existem as revistas científicas especializadas que só publicam pesquisas que respeitaram o método científico e que foram previamente avaliadas por um grupo de pesquisadores imparciais e com experiência. Quando ocorrem erros, de qualquer natureza, este é o único modo de eles serem descobertos e corrigidos: através de publicações científicas padronizadas. 

 Agora, imagine que alguém lhe diga que “determinada doença é causada por isto ou por aquilo” ou ainda que “determinado medicamento causa este ou aquele problema”. Você aceitaria, de bom grado? Sem pedir nenhuma comprovação científica? Sem pedir para ver os artigos científicos publicados em revistas especializadas?

 Como você pode saber se algo que um profissional de saúde está dizendo é verdade? Qualquer ideia pode fazer algum sentido e mesmo assim ser falsa; nem toda lógica é verdadeira, obviamente. Muitas vezes, um discurso inflamado, aparentemente bem intencionado, é cheio de conclusões que não tem qualquer fundamento científico e não se baseia em nenhum achado de pesquisa. No Brasil, frequentemente pessoas fazem discursos e até mesmo iniciam campanhas sobre saúde baseadas em suas opiniões pessoais ou suas crenças políticas; ou seja, no que elas “acham”- é o famoso “achismo”. 

 E quanto ao TDAH? Existem dúvidas sobre inúmeros aspectos específicos do TDAH, assim como existem com relação ao câncer, ao diabetes, ao infarto do miocárdio, ao Parkinson, etc. Mas não existe nenhuma dúvida, no meio científico, quanto a sua existência: o TDAH é um dos transtornos mais bem estudados em toda a medicina e é descrito por médicos há mais de 2 séculos.

 Mas por que algumas pessoas insistem em dizer que “TDAH não existe”? 

 Em primeiro lugar, vamos esclarecer quem reconhece o TDAH como uma doença: a Organização Mundial da Saúde. Além disso, no Brasil, temos a Associação Médica Brasileira, a Associação Brasileira de Psiquiatria, a Academia Brasileira de Neurologia e a Academia Brasileira de Pediatria. Você não acha estranho que alguém conheça “uma verdade” que é ignorada por todas as organizações médicas?

 Bem, o modo mais simples e rápido de terminar uma discussão sobre “a existência do TDAH” seria pedir que os indivíduos que negam sua existência forneçam artigos científicos que sustentem sua opinião. Mas eles jamais o farão, porque tais artigos.... não existem! O seu discurso sempre será baseado no “achismo” e sempre dará a impressão de que estão lutando por uma causa justa, para “defender” a população de algum mal terrível. Por outro lado, artigos mostrando que existem bases neurobiológicas e genéticas no TDAH somam mais de 10.000 atualmente (isto mesmo, dez mil, você leu corretamente).

 Algumas pessoas, talvez, fiquem na dúvida sobre a existência do TDAH porque “todo mundo tem um pouco”. O que ocorre é que todo mundo tem alguns sintomas de TDAH; este diagnóstico é feito pela quantidade de sintomas e não na base do “tudo ou nada”. Exatamente como no diabetes, na hipertensão arterial, no glaucoma, na osteoporose, etc.: o que dá o diagnóstico é a intensidade ou quantidade. 

 Existem também indivíduos que acreditam que todo e qualquer problema de comportamento (TDAH nem sempre causa problemas de comportamento, ressalte-se) é causado “pela sociedade”. Geralmente estas pessoas estão fortemente envolvidas com grupos políticos que pregam intervenções do governo na sociedade (também chamada de “engenharia social”, muito comum nos regimes ditatoriais comunistas). Tais movimentos remontam à ideia comprovadamente equivocada de que os homens nascem invariavelmente bons e puros e é a sociedade que os corrompe. Estas ideias, que datam do século XVIII, não sobreviveram aos achados da genética e das neurociências, que não existiam naquela época. 

 Outros, ainda acreditam que todo e qualquer problema psíquico é causado por fatores psicológicos, apesar da farta literatura científica sobre as bases neurobiológicas e genéticas do TDAH. Desnecessário dizer que geralmente tais indivíduos ganham a vida fazendo tratamento psicológico para as doenças; raramente, entretanto, falam sobre o seu próprio conflito de interesses. 

 Por fim, ainda há aqueles que tomam conhecimento de diagnósticos errados de TDAH, de prescrições equivocadas de medicamentos, de automedicação para fins recreativos ou para aumento do desempenho em provas e passam então a dizer que “o diagnóstico é falho” ou “o tratamento é similar ao uso de uma droga”. Não é difícil enxergar que a existência destes erros em nada comprometem nem o diagnóstico nem o tratamento do TDAH. Pense nos antibióticos: eles são muito prescritos de modo errado. Usam-se antibióticos, por exemplo, para infecções de garganta com muita frequência, um uso sabidamente equivocado (elas são causadas na maioria das vezes por vírus, que não são combatidos com antibióticos). Nem por isso deve-se abolir os antibióticos, que curam e salvam vidas quando usados corretamente. O mesmo exemplo ainda serve para aqueles indivíduos que dizem que “os medicamentos para TDAH são inespecíficos e agem em qualquer pessoa”: de fato, os antibióticos matam as bactérias em qualquer um, mas só curam aqueles que estão com pneumonia. 

 TDAH não é um mito. Muito daquilo que se fala contrariamente ao seu diagnóstico e tratamento são simplesmente “achismos”, crenças sem fundamento objetivo ou científico; ou seja, são mitos. E mitos, definitivamente, não são algo em que você deva confiar quando se trata de sua saúde ou da saúde de seus filhos.

domingo, 27 de maio de 2012

Olá 
Passando uma vassourinha no blog, depois de um longo afastamento.
Passamos por algumas turbulências, notas baixas, mas enfim, estou aqui para compartilhar esse período. Pais de filhos com TDAH estão sempre querendo trocar experiências.
Primeiras notas : baixas
Segundas notas: mais baixas
Reclamação dos professores: O aluno conversa muito e não presta atenção na aula.
Bom, diante do exposto, fomos à luta( é contínua, mas de vez em quando temos que turbinar os cuidados)
Primeiro: Nada de castigo ou sermões, já que estávamos acompanhando e sabíamos que seria inevitável as notas baixas.Sempre acreditando, conversando sobre a necessidade do aprendizado, repetindo todos os dias a mesma coisa, com palavras diferentes.
Ele estava em um período de "impressionamento" com violão e guitarra. Não sabia tocar uma nota que fosse!Então negociamos : Isso é o que você mais quer?SIM, foi a resposta.Está disposto a tudo para aprender a tocar violão? SIM de novo.Então vamos combinar: Aula de violão2X por semana,e você se compromete a estudar muiiitoooo, para recuperar as notas. Devidamente munido do violão cedido pela irmã e com  a promessa de ganhar a guitarra após  as primeiras notas, eis que surge um novo estudante!
Pensem, cada vez que ele queria moleza, já tínhamos na ponta da língua: Que pena, não vai dar para aprender violão, por causa do nosso acordo!Então ele se esforçava mais.
Após algumas idas e vindas, muitas aulas de reforço, as provas e , enfim , as notas!!
Todas ótimas!Ou melhor,só razoável em português.( o que não significa muito diante da situação que estava e como português é um encadeamento de assuntos , não se recupera 3 meses em um!)
Imaginem a auto estima dessa criança!
Através desse pequeno resumo, (claro que não foi fácil como parece), queria dizer que nossos filhos com TDAH, quando acompanhados, tratados ( sim, ele toma *Ritalina), estimulados com tudo o que estiver ao nosso alcançe, podem sim, conseguir o que quiserem!Aos 12 anos e cursando o  7º ano, meu filho já é um vencedor na luta contra o TDAH. Vai ser uma constante na vida dele e na nossa, mas ele já provou que consegue!
Acredite nos seus filhos e filhas, amparem, não julguem, sejam parceiros, que o resultado será surpreendente!!
Grande abraço e fiquem com Deus.
Bia Machado



terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

De volta das férias prolongadas.

          Depois de passar  esse tempo de férias de uma parte de minhas atividades, venho contar  como foi o final do ano escolar do meu DDA.
Sempre falo para as pessoas que me perguntam se ele dá trabalho para estudar: Dá sim, dá muito trabalho, mas saibam que cada minuto que investimos, eu e o pai dele,em incentivo, carinho, compreensão dos seus limites e uma generosa dose de paciência, é recompensado com progressos incríveis.
          As crianças parecem sentir ou pressentir, quando não estamos bem, irritados ou impacientes, por mais que tentemos esconder. Então, quando um de nós  está no limite, o outro assume a tarefa da hora. 
          Não pensem que andamos atrás do nosso filho o dia todo. Já foi assim, quando ele era menor.Agora estamos dentro de um ritmo mais ou menos constante.Tentamos criar uma rotina e fazer com que nossa casa seja um ambiente acolhedor e sossegado.
         Bem, continuando sobre o final das aulas, ele estuda em uma escola bem tradicional e contrariando todos os prognósticos, que diziam que  não era uma boa escolha, poderíamos minar com sua auto-estima, que ele não ia conseguir acompanhar etc...Realmente, não é fácil, mas é possível! As pessoas com TDAH são tão capazes quanto as que não tem o transtorno, é só uma questão de  compromisso dos pais, escola, família, profissionais envolvidos no tratamento, enfim, vale a pena se informar e conhecer o que é TDAH e como nós podemos ajudar. Cada família é única e terá uma forma de agir diferente, mas o que não muda é o comprometimento, trabalho e amor que temos.
Estamos muito felizes, pois nosso filho passou sem nenhuma recuperação!!Aos 12 anos está no 7º ano , de bem com a vida, e com fé  no Pai superior, vamos conseguir ultrapassar mais um desafio. Sempre um de cada vez!



O BLOG

Sejam bem vindos a esse espaço, no qual poderemos compartilhar nossas dificuldades com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e suas consequências.
Nesse espaço podemos falar de tudo um pouco: Filhos, com ou sem TDAH,organização,culinária, decoração. Como DDA, gosto de coisas bem diversificadas.
espero vocês!
Bia Machado